Um Sorriso na Escuridão

| quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Com 89 anos de idade, ele visita presídios e oferece apoio às pessoas

O ambiente escurecido, ao poucos, recebe raios de sol. Momento em que o portão metálico e gélido é aberto pelo carcereiro, que acena de modo positivo para que os voluntários entrem.

Satiro de Souza Santos, de 89 anos, esguio e de aparência simpática, adentra os corredores do presídio, juntamente com Ronaldo e outros três voluntários – são 13 voluntários no total. Enquanto eles percorrem as vias da prisão internamente, há mais oito voluntários conversando e oferecendo um ombro amigo para as famílias do lado de fora.

De repente, a porta do pátio é aberta e os rostos dos detentos vão surgindo, e, um a um, se juntam aos voluntários. Eles se posicionam próximo ao centro do pátio – única parte ensolarada da prisão.

Então, Satiro conversa com os presos, enquanto outros voluntários pedem para que os detentos deem as mãos para orarem juntos. Uma roda gigantesca é formada. Todos eles prestam muita atenção às palavras de Satiro - que com uma voz calma, retribui o olhar para eles.


O coração da filha de Satiro, Sandra, bate mais forte quando o pai sai de casa. “Eu não sei mais o que fazer com o meu pai, fico preocupada com ele dentro do presídio”, desabafa, mesmo sabendo que não poderá impedi-lo de cumprir com seu propósito: levar a Salvação aos desprezados.

“Se a pessoa não entregar a vida nas mãos de Deus, Ele não poderá salvá-la. Entenda, Ele é o caminho, a verdade e a vida”, afirma o idoso corajoso.

De acordo com Ronaldo Alves Soares, de 46 anos, metalúrgico, que além de voluntário do Grupo do Presídio, é amigo de Satiro, os presos o consideram muito. “Quando ele não vai às visitas no presídio, os detentos sentem falta dele. Houve uma vez, em Franco da Rocha (Grande São Paulo), que o pessoal perguntou o motivo dele não ter ido. Eles gostam muito dele”, observa.

Satiro também visita a ala da enfermaria. Ora pelos presos que estão doentes. Eles sorriem como se sentissem amparados, assegurados, por receberem aquele olhar amistoso.

Embora tenha uma aparência frágil, por conta da idade, Satiro tem muita disposição. Conquista não somente os detentos, como também os policiais. Ronaldo recorda que, certa vez, um delegado comentou que era bom para o presídio quando os voluntários iam até lá, e disse que Satiro traz muita tranquilidade nas palavras.

“Escolhi visitar presídios porque, em 1983, conheci um casal que tinha um filho preso. Então, fui visitá-lo e fizemos orações pelos detentos. Eles comentaram que se sentiam melhor depois da oração. Acabei ganhando um ofício para frequentar presídios e oferecer apoio para as pessoas que estavam neles”, conta Satiro.


Ele conheceu a Deus há 33 anos, quando foi apenas participar de uma reunião na Universal da Rua Dr. Antonio Bento, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Havia recebido a notícia do médico de que tinha “os dias contados”, e, sabendo que na Universal aconteciam muitas curas, decidiu ir até lá.

Foi curado e percebeu que não somente foi transformado fisicamente, como também em suas atitudes. “Antes de conhecer o Senhor Jesus eu era muito nervoso, agressivo, mulherengo e alcoólatra. Mas percebi que isso também deveria mudar em mim”, e foi o que aconteceu.

Tempos mais tarde, se mudou para a cidade de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, onde vive até hoje com a família. Recorda que lá ainda não existia Universal, até o dia em que uma obreira cedeu a casa dela para o primeiro núcleo de oração, que ganhou proporções maiores, inaugurando a Universal na cidade.


Por Daniel Cruz / Fotos: Arquivo pessoal

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